segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Para Maria Antônia

Só o que posso dizer é que é maravilhoso poder cuidar de alguém como ela,
uma criança encantadora, meiga, linda, delicada... que me faz lembrar
a todo momento do Mauricio, do João Pedro, do João Antônio e do Isidoro.
Que faz com que eu sinta todas as coisas boas que aprendi lendo o
Baghavad Gita e ouvindo mantras, que me faz sorrir, que me faz bem até
nos momentos de extremo cansaço, quando não quer comer, não quer dormir e
chora.
Acho que dar tudo de si, até quando achamos que não temos mais nada para
dar é indescritível, amamentar é indescritível, ver um pedacinho seu
crescer e aprender a cada dia é indescritível. O amor de mãe é
indescritível e com certeza incondicional.
Quero que ela saiba que depois que ela nasceu, no primeiro momento em que
pude ficar sozinha com ela, toda a minha vida fez sentido. Tudo tomou
seu lugar, todo foi entendido... o porque de eu ter vagado esse tempo todo
até o dia 15 de dezembro. Foi pra isso que eu nasci, pra tê-la, e é pra
isso que eu vou viver, para amá-la.
Obrigada mauricio, por me dar a maior bênção dessa vida. Obrigada por me
amar, me ajudar, ser fiel, ser companheiro, paciente e amigo. Você tem
feito muito mais do que eu imaginei que você fosse capaz de fazer.
"Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar, sabe lá..."

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Nascimento - 15.12.2010 Quarta-Feira Hora: 15:38

Maria Antônia Machado Monteiro Maia

As contrações mais fortes começaram de madrugada. Acho que eram 02:15 da manhã quando eu acordei o Mauricio pra me ajudar a levantar da cama. As contrações estavam vindo de 10 em 10 min e duravam cerca de 30seg variando, ou melhor, diminuindo conforme o tempo ia passando.
Na tarde do dia anterior eu havia perdido sangue, fui ao hospital e a médica disse que eu estava com 2cm de dilatação e que podia voltar para casa pois ainda ia demorar e que provavelmente nasceria só na quinta ou na sexta-feira,então eu voltei pra casa, mas naquela madrugada eu estava de verdade sentindo mais dor e estava ficando preocupada. Se o sono não fosse tão grande eu não teria voltado a dormir.
Acordei por volta das 07:30 da manhã, dessa vez o Mauricio acordou junto comigo, eu estava aguentando bem a dor, hoje me lembro e fico imaginando como e por que eu fiquei me segurando tanto tempo para ir ao hospital, fico me perguntando por que fui tão teimosa, afinal eu ja estava sntindo dor desde 02:15 da manhã e o Mauricio só me convenceu a ir ao hospital por volta de 10:30.
Tomei um banho e esperei o Orlandinho, eram 11:30 quando saimos de casa: Orlandinho, eu, Mauricio, Jp e minha sogra em direção ao Hospital central da polícia militar.
Ja no atendimento de emergência, o doutor pediu que o Mauricio fosse fazer minha ficha na recepção, ele foi me deixando sozinha com o doutor, este me examinou e constatou que eu estava com 6cm de dilatação e que provavelmente o parto aconteceria lá pelas 18h. Ele me pesou e tirou minha pressão, em seguida me entregou uma espécie de pinça lacrada em um plástico e pediu que eu abrisse, eu obedeci e o entreguei a pinça, foi aí que o doutor Soares olhou pra mim e disse: "Querida vou estourar sua bolsa!". A ficha finalmente caiu, não tinha volta, eu estava ali deitada e ele com a pinça na mão. Cantei mentalmente um tryambakam mantra e pensei no Maurício. Nem deu tempo de terminar o tryambakam quando senti uma quantidade imensa de um líquido quente saindo como se fosse um xixi a nove meses guardado. A sensação de sentir a bolsa romper não é das melhores, mas pelo menos não dói.
O doutor mandou chamar o Mauricio, quando ele apareceu na sala e me viu com o olho cheio d'água, olhou para o doutor assustado, este disse ao Mauricio que era pra ele fazer a outra ficha de internação pois a filha dele ia nascer hoje! O Mau olhou pra mim e a única coisa que eu consegui fazer foi levantar as sobrancelha e forçar um sorriso. Eu estava tensa e assustada. Não sabia o que seria dali em diante...

Do consultório fui pra sala de Pré-parto, onde tomei um banho e deitei numa maca. Lá me colocaram um aparelho que mostra os batimentos cardíacos do bebê e a evolução das contrações (que tinham aumentado aquela hora, já eram cerca de 13:30.). Fiquei no aparelho por meia hora, seria ótimo se não fossem as contrações e se eu não estivesse nauqela sala sozinha!! Horrível sentir dor e não poder reclamar com ninguém. Por outro lado era bom, pois eu podia fazer cara feia, vomitar, gritar e chorar sem ninguém ver. O médico ja era outro, doutor Pirilo, um amor de pessoa, me deu muita força e incentivo. Acho que se não fosse por ele eu não acreditaria em mim. Fiz de tudo, até de cócoras eu fiquei. Ele me coulocou no soro, mas tirou em menos de 5min pois as contrações estavam evoluindo muito rápido e não havia necessidade de ficar com ele. Quando alcancei o máximo de dilatação o doutor Pirilo e o doutor Marcelo me levaram finalmente para a sala de parto.

Eu ja estava sem força, cansada, pálida. tinha vomitado, chorado, suado, gasto todas as minhas energias. deitei na sala de parto pensando que ia desmaiar sem força e que não ia conseguir. cantei outra vez o tryambakam e pensei na minha avó que teve cinco filhos e cinco abortos. Pensei na Tia Hélida, nem sei porque. Pensei na  Janaki e no quanto eu queria que ela estivesse ali, assim como queria que o Mauricio estivesse ali também. Pensei no quanto eu quaria ver minha filha, no amor que eu ja tinha por ela sem vê-la. Pensei na minha última semana que foi angustiante e arranquei de algum lugar uma força que nem eu sabia que tinha. Experimentei ao mesmo tempo a pior e a melhor coisa do mundo, a sensação de vida ede morte ao mesmo tempo, sem exagero. Então fiz a última força e fechei os olhos. Ela nasceu!